sexta-feira, 17 de junho de 2011

ORAÇÃO TRISÁGIO ANGÉLICO À SANTÍSSIMA TRINDADE

Oração indulgênciada pelo Papa Clemente XIV.

Triságio do grego, tris-agion significa (três vezes Santo), é o nome que se dá à aclamação de louvor «Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal», testemunhado pela primeira vez no Concílio de Calcedônia (451). O triságio encontra suas raízes no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória."

REZA-SE:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Oferecimento

Para ganhar as indulgências, os que rezarem o Triságio.

Rogamos-te, Senhor, pelo estado da Santa Igreja e Prelados dela; pela exaltação da fé católica, extirpação das heresias, paz e concórdia entre os príncipes cristãos, conversão de todos os infiéis, hereges e pecadores; pelos agonizantes e caminhantes, pelas benditas almas do purgatório e mais piedosos fins de nossa Santa Madre Igreja. Amém.


V. Bendita seja a santa e indivídua Trindade, agora e sempre por todos os séculos dos séculos.
R. Amém.
V. Abri, Senhor, meus lábios.
R. E a minha boca anunciará vossos louvores.
V. Meu Deus, em meu favor benigno atende.
R. Senhor, apressai-vos a socorrer-me.
V. Glória seja ao Eterno Pai.
Glória seja ao Eterno Filho.
Glória ao Espírito Santo.
R. Amém. Aleluia.

(no tempo da Quaresma se diz conforme abaixo):

R. Louvor seja a ti, Senhor, Rei da eterna glória.

Ato de Contrição


Amorosísimo Deus, trino e uno, Pai, Filho e Espírito Santo, em quem creio, em quem espero, a quem amo com todo o meu coração, corpo, alma, sentidos e potências; por serdes Vós meu Pai, meu Senhor e meu Deus, infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas; pesa-me, Trindade Santíssima, pesa-me, Trindade misericordiosíssima, pesa-me, Trindade amabilíssima, de vos ter ofendido só por serdes Vós quem sois; proponho, e vos dou palavra, de nunca mais vos ofender e de morrer antes do que pecar; espero de vossa suma bondade e misericórdia infinita, que me perdoareis todos os meus pecados, e me dareis graças para perseverar num verdadeiro amor e cordialíssima devoção a vossa sempre amabilíssima Trindade. Amém.

HINO:

Já se afasta o sol radioso,
Ó luz perene, ó Trindade,
Infunde em nós ardoroso
O fogo da caridade.

Na alvorada te louvamos
E na hora vespertina;
Concede-nos que o façamos
Também na glória divina.

Ao Pai, ao Filho e a Ti,
Espírito consolador,
Sem cessar como até aqui
Se dê eterno louvor. Amém.

ORAÇÃO AO PAI.

Ó Pai Eterno, fora o prazer de vos possuir, eu não vejo mais do que tristeza e tormento, embora digam outra coisa os amadores da vaidade. Que me importa que diga o sensual que sua felicidade está em gozar de seus prazeres? Que me importa que diga também o ambicioso que seu maior contentamento é gozar de sua glória vã? Eu pela minha parte nunca cessarei de repetir com vossos Profetas e Apóstolos, que a minha suma felicidade, meu tesouro e minha glória é unir-me a meu Deus, e manter-me inviolavelmente unido a Ele.


Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos exércitos, cheios estão os céus e a terra de vossa glória.
(responde-se, se possível em coro):
Glória ao Pai, glória ao Filho, glória ao Espírito Santo.


ORAÇÃO AO FILHO.

Ó Verdade eterna, fora da qual eu não vejo outra coisa senão enganos e mentiras. Oh! E como tudo me aborrece à vista de vossos suaves atrativos! Oh! Como me parecem mentirosos e asquerosos os discursos dos homens, em comparação das palavras da vida, com as quais Vós falais ao coração daqueles que vos escutam. Ah! Quando será a hora em que Vós me tratareis sem enigma e me falareis claramenteno no seio de vossa glória? Oh! Que trato! Que beleza! Que luz!

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.



ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO.

Ó Amor, ó Dom do Altíssimo, centro das doçuras e da felicidade do mesmo Deus; que atrativo para uma alma ver-se no abismo de vossa bondade e toda cheia de vossas inefáveis consolações! Ah! Prazeres enganadores! Como haveis de poder comparar-vos com a menor das doçuras que um Deus, quando quer, sabe derramar sobre uma alma fiel? Oh! Se uma só partícula delas é tão deliciosa, quanto mais será quando Vós as derramardes como uma torrente sem medida e sem reserva? Quando será isto, meu Deus, quando será?

Recita-se um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nove vezes:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, etc.



Antífona

A ti, Deus Pai, a ti, Filho Unigênito, a ti, Espírito Santo, Paráclito, santa e indivídua Trindade, de todo coração te confessamos, louvamos e bendizemos. A ti seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


V. Bendigamos ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Louvemo-lo e exaltemo-lo em todos os séculos.



Oração

Senhor Deus uno e trino, dai-me continuamente vossa graça, vossa caridade e a vossa comunicação para que no tempo e na eternidade vos amemos e glorifiquemos. Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo numa deidade por todos os séculos dos séculos. Amém.


DEPRECAÇÃO DEVOTA À SANTÍSSIMA TRINDADE:

Deprecação quer dizer: Súplica.


V : Pai Eterno, Onipotente Deus! R: Que toda criatura vos ame e glorifique.

V : Verbo Divino, Imenso Deus! ...

V : Espírito Santo, Infinito Deus! ...

V : Santíssima Trindade e um só Deus Verdadeiro!...

V : Rei dos Céus, Imortal e Invisível!...

V : Criador, conservador e governador de todo o criado!...

V : Vida nossa, em Quem, por Quem, de Quem e por Quem vivemos!...

V : Vida Divina e uma em três pessoas!...

V : Céu divino de excelcitude majestosa!...

V : Céu Supremo do céu, oculto aos homens!...

V : Sol Divino e incriado!...

V : Círculo perfeitíssimo de capacidade infinita!...

V : Alimento Divino dos anjos!...

V : Belo íris, arco de clemência!...

V : Astro primeiro e Trino, que iluminais o mundo!...

V : De todo o mal de alma e Corpo! R: Livrai-nos, Trino Senhor!

V : De todo pecado e ocasião de culpa! ...

V : De Vossa ira e indignação! ...

V : Da morte repentina e improvisa! ...

V : Das insídias e assaltos do demônio! ...

V : Do espírito de desonestidade e das suas sugestões! ...

V : Da concupiscência da carne! ...

V : De toda ira, ódio e má vontade! ...

V : Das pragas da peste, fome, guerra e terremoto! ...

V : Dos inimigos do fé católica! ...

V : De nossos inimigos e suas maquinações! ...

V : Da morte eterna! ...

V : Por Vossa Unidade em Trindade e Trindade em Unidade! ...

V : Pela igualdade essencial de vossas pessoas! ...

V : Pela sublimidade do mistério de vossa Trindade! ...

V : Pelo inefável nome da Vossa Trindade! ...

V : Pelo portentoso de Vosso nome, Uno e Trino! ...

V : Pelo muito que vos agradam as almas que são devotas de Vossa Santíssima Trindade! ...

V : Pelo grande amor com que livrais dos males aos povos onde há algum devoto de Vossa Trindade Amável! ...

V : Pela virtude divina, que nos devotos de vossa Trindade santíssima, reconhecem os demônios contra si mesmos! ...


V : Nós pecadores! R: Rogamo-Vos, ouvi-nos!

V : Que saibamos resistir ao demônio com as armas da devoção à Vossa Trindade! ...

V : Que embelezeis cada dia mais, com as cores da Vossa graça, Vossa imagem que está em nossas almas! ...

V : Que todos os fiéis se esmerem em ser muito devotos de Vossa Santíssima Trindade ! ...

V : Que todos alcancemos as muitas felicidades que estão vinculadas para os devotos dessa Vossa Trindade adorável! ...

V : Que ao confessarmos os mistérios de Vossa Trindade, se desfaçam os erros dos infiéis! ...

V : Que todas as almas do purgatório gozem muito refrigério em virtude do Mistério de Vossa Trindade! ...

V : Que Vos digneis ouvir-nos pela Vossa piedade! ...

V : Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, livrai-nos, Senhor, de todo mal! ... [2]


Obséquios ou oferecimentos à Santíssima Trindade

1. Ó beatíssima Trindade, eu vos prometo que com todo esforço e empenho hei de procurar salvar minha alma, visto como Vós a criastes à vossa imagem e semelhança e para o céu. E também por amor Vosso procurarei salvar as almas de meu próximo.
2. Para salvar minha alma e dar-vos glória e louvor, sei que hei de guardar a divina lei; eu empenho minha palavra de a guardar como a menina de meus olhos e procurar, outrossim, que os outros a guardem.
3. Aqui na terra hei de exercitar-me em louvar-Vos e espero fazê-lo depois com maior perfeição no céu; e por isso com freqüência rezarei o triságio e o verso: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. E procurarei, além disso, que os outros Vos louvem. Amém.



[1] O Papa Clemente XIV concedeu 100 dias de indulgência para cada dia que se reze: 100 mais três vezes no dia, nos domingos, na festa da Santíssima Trindade e durante a sua oitava, e Indulgência Plenária a quem o rezar todos os dias durante um mês, confessando e comungando no dia do mês que se escolher.
[2] Invocação semelhante Nosso Senhor ensinou à Santa Faustina: “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal, tende piedade de mim e de todos os pecadores, etc” , jaculatória que a Santa rezava entre uma dezena e outra do terço.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nem aplausos, nem bandeiras, nem cartazes!

Ouçam o comentário inicial da Santa Missa celebrada pelo Papa Bento XVI em sua Visita Pastoral a Aquileia e Veneza, em maio deste ano:
Tradução:
Em respeito destes Divinos Mistérios que estamos celebrando em comunhão com Sua Santidade o Papa Bento XVI, recolhamo-nos em silêncio orante. Portanto, não se aplauda mais, nem sequer durante a homilia, e não se usem bandeiras, nem cartazes.
Bem que poderíamos seguir o exemplo em nossas Santas Missas, não?

O significado dos Gestos

“Caríssimos irmãos e irmãs, hoje trazemos um texto muito belo e importante sobre os gestos na Liturgia, especialmente na Santa Missa (ML)”

O gesto mais antigo da Cristandade é o das mãos abertas que, como já vimos, é o "gesto do orante". É o gesto mais primitivo do Homem que aclama a Deus, encontrando-se em quase todo o mundo religioso. Ele é, antes de tudo, uma expressão de "não-violência", um gesto de paz: o Homem abre as suas mãos, abrindo-se desta maneira ao Outro. É também um gesto de procura e de esperança: o Homem faz o movimento de tentar tocar no Deus oculto, ele estende-se na direção dele. Também já foi feita a comparação entre mãos abertas e asas: o Homem procura a altura divina, a fim de ser elevado nas asas da sua oração. Contudo, para os Cristãos, os baraços abertos têm ao mesmo tempo também significado cristológico: eles lembram-nos das mãos abertas de Cristo na cruz. Esse mais primitivo gesto de oração do Homem obteve uma nova profundidade no crucificado. Abrando os braços, queremo orar com Ele, unir-nos com seus "sentimentos" (Fl 2,5). Os Cristãos viram dois significados nos braços estendidos de Cristo na cruz: o primeiro é evidente e, precisamente pela sua condição de Cristo, a forma radical de adoração, de unidade das vontades humana e a do Pai mas, ao mesmo tempo, os seus braços também estão abertos para nós – eles são o grande abraço, com o qual Cristo quer atrair-nos todos a Ele (Jo 12,32). nesse gesto incidem tanto a adoração a Deus como o amor pelo próximo, que são o contúdo do primeiro mandamento, o qual contém o resumo da Lei e dos Profetas; a abertura para Deus e a transferência total para Ele significam simultaneamente voltar-se para o próximo. A fusão destes dois significados inerentes no gesto de Cristo na cruz indica, de forma visível e física, a profundidade nova da oração cristã, designando simultaneamente também a constituição interior da nossa oração.

Aqui cabe fazer-se um parêntesis para sua aplicação na Liturgia da Santa Missa.

Durante o culto eucarístico da Santa Missa, somente o sacerdote levanta as mãos, pois está rezando em nome da comunidade. Dispensável, pois, que os fiéis as levantem. A questão é bastante controversa aqui, devido a significação profunda de tal gesto. Todavia, cabe à Santa Missa um caráter solene e à figura do Sacerdote, uma dignidade, própria de seu Ministério, de elevar a Deus as súplicas e louvores de seu povo. Não há, entretanto, proibição expressa para isso, e muitos liturgistas experientes e bastante ortodoxos, como o Mons. Peter Elliott, consultor do Vaticano e autor de Cerimonies of the Modern Roman Rite (em espanhol, Guia Pratica de la Liturgia) e de Liturgical Question Box, não se posicionam contrários a que os fiéis também levantem as mãos. Como a questão é controvertida, somos da opinião de que, como tudo o que é dispensável em liturgia e que não esteja prescrito deve ser evitado, os fiéis não as levantem.

Não se pode, outrossim, dar as mãos durante o Pai Nosso, como é costume, infelizmente, em muitas paróquias. Além de não estar previsto no Missal, não há sentido algum em dar as mãos, eis que não aponta para o ato sacrifical, além de conferir um certo ar esotérico incompatível com a Fé católica. A origem da oração de mãos dadas está nas devoções particulares, próprias de alguns movimentos, e, em si, é lícita. Ocorre que a liturgia, por seu caráter público, não é ocasião propícia para que sejam utilizados elementos da piedade individual.

Mais tarde, criou-se o gesto de pôr as mãos, muito provavelmente proveniente da natureza do Sacramento da Ordem na ordenação sacerdotal: o aspirante a Presbítero, que recebe o Sacramento da Ordem, põe as suas mãos no Senhor – um procedimento admiravelmente simbólico: eu ponho as minhas mãos nas tuas, deixo-as cingidas pelas tuas. Isso é tanto expressão de confiança como de fidelidade. Esse ato manteve-se na ordenação. Ao recém-ordenado é-le conferido o Sacramento da Ordem para se pôr ao serviço da comunidade eclesial. Pois ele não é Sacerdote pelas saus próprias especialidades e faculdades, mas sim pelo dom do Senhor, de quem elas sempre permanecerão. O Sacerdote recém-ordenado recebe o dom e a Ordem sacerdotal como dom de um Outro – de Cristo – sabendo que sempre poderá ser apenas "admnistrador dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1), "um bom despenseiro das graças de Deus" (1Pd 4,10). Para o ser, ele terá de empenhar toda a sua vida, e isso só pode acontecer na "casa de Deus" (Hb 3,2-6) de nós todos, que é a Igreja onde o Bispo, no lugar de Cristo, acolhe o indivíduo no sacerdócio e na relação de fidelidade com Cristo. Ao pôr as suas mãos nas mãos do Bispo, o aspirante a Presbítero promete respeito e obediência, entregando o seu serviço à Igreja como representante do corpo vivo de Cristo; ele põe as suas mãos nas mãos de Cristo, confia-se-lhe e dá-lhe as suas mãos, a fim de elas seram de Cristo. A natureza do Sacramento da Ordem pode parecer estranha, tal como todo o domínio humano é questionável, podendo apenas ser justificado como substituição e fidelidade para com o verdadeiro Senhor; ela obtém o seu verdadeiro sentido na relação do fiel com Cristo, o Senhor. Pôr as mãos durante a oração significa então: nós pomos as nossas mãos e o nosso destino nas suas mãos; confiantes na sua fidelidade, concedemo-lhe a nossa.

A respeito desse gesto, diz o Catecismo da Igreja Católica:

I.17.1 Imposição das mãos na Confirmação

§1288 "Desde então, os apóstolos, para cumprir a vontade de Cristo, comunicaram aos neófitos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito que leva a graça do Batismo à sua consumação. E por isso que na Epístola aos Hebreus ocupa um lugar, entre os elementos da primeira instrução cristã, a doutrina sobre os batismos e também sobre a imposição das mãos. A imposição das mãos é com razão reconhecida pela tradição católica como a origem do sacramento da Confirmação que perpétua, de certo modo, na Igreja, a graça de Pentecostes."

I.17.2 Imposição das mãos na Ordem

§1538 A integração em um desses corpos da Igreja era feita por um rito chamado ordinatio, ato religioso e litúrgico que consistia numa consagração, numa bênção ou num sacramento. Hoje a palavra "ordinatio" é reservada ao ato sacramental que integra na ordem dos bispos, presbíteros e diáconos e que transcende uma simples eleição, designação, delegação ou instituição pela comunidade, pois confere um dom do Espírito Santo que permite exercer um "poder sagrado" ("sacra potestas") que só pode vir do próprio Cristo, por meio de sua Igreja. A ordenação também é chamada "consecratio" por ser um pôr à parte, uma investidura, pelo próprio Cristo, para sua Igreja. A imposição das mãos do Bispo, com a oração consecratória, constitui o sinal visível desta consagração.

§1556 Para desempenhar sua missão, "os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com especial efusão do Espírito Santo, que desceu sobre eles. E eles mesmos transmitiram a seus colaboradores, mediante a imposição das mãos, este dom espiritual que chegou até nós pela sagração episcopal"

§1558 "A sagração episcopal, juntamente com o múnus de santificar, confere também os de ensinar e de reger... De fato, mediante a imposição das mãos e as palavras da sagração, é concedida a graça do Espírito Santo e impresso o caráter sagrado, de tal modo que os Bispos, de maneira eminente e visível, fazem as vezes do próprio Cristo, Mestre, Pastor e Pontífice, e agem em seu nome ('in eius persona agant')." "Os Bispos, portanto, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, foram constituídos como verdadeiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores."

§1573 O rito essencial do sacramento da Ordem consta, para os três graus, da imposição das mãos pelo Bispo sobre a cabeça do ordenando e da oração consagratória específica, que pede a Deus a efusão do Espírito Santo e de seus dons apropriados ao ministério para o qual o candidato é ordenado.

I.17.3 Imposição das mãos sinal da Aliança

§1150 Sinais a aliança. O povo eleito recebe de Deus sinais e símbolos distintivos que marcam sua vida litúrgica: estes não mais são apenas celebrações de ciclos cósmicos e gestos sociais, mas sinais da aliança, símbolos das grandes obras realizadas por Deus em favor de seu povo. Entre tais sinais litúrgicos da antiga aliança podemos mencionar a circuncisão, a unção e a consagração dos reis e dos sacerdotes, a imposição das mãos, os sacrifícios, e sobretudo a Páscoa. A Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos sacramentos da Nova Aliança.

I.17.4 Jesus cura impondo as mãos e Significação da imposição das mãos

§699 A mão. E impondo as mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as criancinhas. Em nome dele, os apóstolos farão o mesmo. Melhor ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o Espírito Santo é dado. A Epístola aos Hebreus inclui a imposição das mãos entre os "artigos fundamentais" de seu ensinamento. A Igreja conservou este sinal da efusão onipotente do Espírito Santo em suas epicleses sacramentais.

§1504 Muitas vezes Jesus pede aos enfermos que creiam. Serve-se de sinais para curar: saliva e imposição das mãos, lama e ablução. Os doentes procuram tocá-lo, "porque dele saía uma força que a todos curava" (Lc 6,19). Também nos sacramentos Cristo continua a nos "tocar" para nos curar.

É importante observar que, segundo a Tradição da Igreja, o gesto de “imposição das mãos” sempre foi um gesto “reservado” aos Apóstolos e seus sucessores (sucessão apostólica), os Padres e, ainda sim respeitando a hierarquia nessa sucessão (Bispos impõe as mãos sobre Padres e fiéis leigos, ou aquele que ministra o Sacramento impõe as mãos sobre os que recebem). Logo é, no mínimo esquisito na concepção Católica, o costume oriundo das religiões protestantes e das não-não cristãs de qualquer indivíduo orar impondo as mãos (ainda aceitável) ou realizar certas formas de “cultos de cura pelo Espírito Santo” (já estranho demais). Dá a entender um certo “sacerdócio comum” que compartilha dos mesmos dons e poderes sagrados de um sacerdote devidamente ordenado. Ocorreu-se aqui, um abuso (ou no mínimo uma má interpretação) do Gaudim et Spes que fala sobre o sacerdócio comum. Neste documento e no Decreto Apostolicam Actuositatem, o Concílio Vaticano II entende ilustrar a natureza, a índole e a variedade do apostolado dos leigos, bem como comunicar os princípios fundamentais e dar as orientações pastorais para o seu mais eficaz exercício; tudo isto deverá servir de norma na revisão do Direito canónico na parte que diz respeito ao apostolado dos leigos.

É importante, então, distinguir a figura do Sacerdote pela dignidade própria de seu Ministério. Isso não cabe a decisão do Sacerdote pois, sabe ele ser indigno do dom que Deus lhe deu, mas Aquele que lhe deu o dom de ser seu representante merece as “honrarias” e distinções devidas à dignidade Sacerdotal.

Logo ficar misturando os gestos, mesmo com boa intenção, apesar de não ser expressamente errado acaba por confundir sobre a real dignidade do sacerdócio ministerial, sua distinção entre o homem comum (e aí inclui também o próprio “homem atrás da batina” enquanto pessoa humana passível de erros) e o Padre e a especial necessidade deste no mundo.

Pulando a posição de joelhos (que será tratada em outra oportunidade em algo como “o significado das Posições”) como gesto de oração, gostaria de ponderar aqui ainda a posição “inclinado”.

O ofertório da primeira oração eucarística do Cânon Romano, começa com a palavra supplices - “profundamente inclinados imploramo-vos”. Aqui, o gesto físico e o processo espiritual entrelaçam-se inseparavelmente. É o gesto do publicano que inclina por nem sequer ousar levantar os olhos ao céu pra ver Deus. Apesar disso, essa oração é a rogação para que o nosso sacrifício alcance a face de Deus e se torne na nossa bênção. Chamamos Deus da profundidade da nossa insuficiência, a fim de Ele nos pôr de pé, de nos tornar capazes de olhá-lo e de nos formar de modo a que lhe seja agradável ver-nos. O supplices – em posição de profunda inclinação – é, no fundo, a expressão física daquilo que a Bíblia designa humildade (Fl 2, 8: “humilhou-se a si mesmo”). Para os Gregos, a humildade era uma posição de servidão que eles rejeitavam. A alteração dos valores introduzida pelo Cristianismo define a humildade como algo diferente. Doravante, ela será a conformidade do ser, a correspondência da verdade do Homem e da posição fundamenta da existência cristã. Toda a Cristologia de Agostinho, eu até diria que toda a sua Apologia do Cristianismo, baseia-se no termo humildade: ele referia-se à sabedoria dos antepassados do mundo greco-romano, segundo a qual o pecado de todos os pecados é a Hybris – a vaidade, como ela surge exemplarmente no caso de Adão. O orgulho, que é a mentira existencial em que o Homem se equipara a Deus, será superado pela humildade de Deus, que se faz servo, baixando-se até nós quem quer aproximar-se de Deus, deve ser capaz de olhar para cima – isso é essencial. Mas também deve aprender a inclinar-se, porque o próprio Deus se inclinou no gesto do amor humilde, na lavagem dos pés, onde Ele está de joelhos aos nossos pés – é aí que o encontramos. Portanto, o supplice é um gesto de grande queda. Ele lembra-nos, na sua forma física, da atitude espiritual que é essencial para a aFé. Surpreendentemente, em várias traduções modernas o supplice foi simplesmente deixado de fora. Será que esse gesto físico, ue consequentemente desapareceu, parecia insignificante e não em conformidade com o Homem moderno? Certamente, inclinar-se perante homens, a fim de obeter a sua benevolência, seria realmente inadequado. Mas nunca é antiquado inclinar-se perante Deus, pois isso corresponde à verdade do nosso ser. E caso o Homem moderno se tenha esquecido desse gesto, então cabe aos Cristãos do mundo moderno não só reaprendê-lo como também ensiná-lo aos outros.

Depois dessa forte crítica (e exemplar ensinamento) do então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, em seu livro “Introdução ao Espírito da Liturgia” gostaria de fazer uma observação própria.

O Cerimonial dos Bispos, no parágrafo 68 sobre “Sinais de Reverência em Geral” nos diz que a inclinação é sinal de reverência e de honra que se presta às próprias pessoas ou às suas imagens.

Há duas espécies de inclinações: de cabeça e do corpo:

a) a inclinação de cabeça faz-se ao nome de Jesus ou da Virgem Maria e do Santo, em cuja honra se celebra a Missa ou a Liturgia das Horas;

b) a inclinação do corpo, ou inclinação profunda, faz-se: ao altar, caso nele não esteja o sacrário com o Santíssimo Sacramento; aos Bispos; antes e depois da incensação, como se dirá adiante, n. 91; e todas as vezes em que vem expressamente indicada nos diversos livros litúrgicos.

Neste ponto faz-se especial menção ao Missal em que, em geral, faz-se inclinação profunda durante a Santa Missa, após o Ato de Contrição (nos lugares onde não for costume ficar de joelhos), ao “ET INCARNATUS EST” (“e se fez homem”, ou “que foi concebido”) até “Maria Virgine” (Virgem Maria) e para receber a bênção onde se menciona, inclusive, explicitamente seja pelo Diácono ou pelo Padre na forma “inclinai-vos para receber a bênção”.

Da história acima referida do fariseu e do publicano (Lc 18, 9-14) consta mais um gesto cristão: o bater com as mãos no peito. Ao que parece esse gesto era muito popular na África do Norte, nos tempos de Santo Agostinho, tendo sido praticado de uma maneira algo exagerada e exteriorizada; em virtude disso o Bispo de Hipona exortou seus fiéis, com alguma ironia, a moderarem a “exibição dos pecados”. Mas o gesto, mediante o qual apontamos – por uma vez para nós próprios – como os culpados, permanecerá sempre um gesto conveniente. De fato faz-nos sempre falta reconhecermo-nos e assumirmo-nos como culpados, pedindo assim perdão. Dizendo mea culpa (“por minha culpa”) quase mergulhamos em nós próprios, “varrendo nossa porta”, podendo assim pedir perdão a Deus, aos Santos e aos demais em nosso redor, perante quem somos culpados. Em Agnus Dei (“Cordeiro de Deus”), nós olhamos aquele que é o pastor e que se tornou Cordeiro por nossa causa, suportando as nossas culpas; por isso, nesse momento é conveniente bater com as mãos no nosso peito, lembrando-nos de que as nossas culpas pesam nos seus ombros, de que “fomos salvos por suas chagas” (Is 53, 5).

Finalizo assim esse artigo convidando-os, meus irmãos, a, agora que sabem os signicados destes gestos, a praticá-los e ensiná-los da mesma forma que nos pede tão encarecidamente o representante de Cristo na Terra.

Fiquem com Deus.

Fontes:

“Introdução ao Espírito da Liturgia”, Joseph Ratzinger

“Erros Litúrgicos e o que fazer para coibí-los” , Dr. Rafael Vitola Broadback

“Cerimonial dos Bispos”

terça-feira, 14 de junho de 2011

Especial João Paulo II


Papa Bento XVI e verdadeiro ecumenismo: a Igreja sempre foi plenamente católica

Gloriosas palavras do Santo Padre:

[A] Igreja é católica desde o seu primeiro momento, sua universalidade não é fruto da inclusão sucessiva de várias comunidades . Desde o primeiro instante, de fato, o Espírito Santo criou-a como a Igreja de todos os povos, ela abraça o mundo inteiro, ela transcende todos os limites de raça, classe, nação, ela rompe todos os obstáculos e traz todos os homens juntos na profissão o Uno e Trino. Deus é Desde o início, a Igreja é una, católica e apostólica: esta é a sua verdadeira natureza e como tal deve ser reconhecido. Ela é Santa, e não graças à capacidade dos seus membros, mas porque o próprio Deus, com o Seu Espírito, cria, purifica e santifica-la sempre.
Bento XVI
12 jun 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

5 motivos para dizer "não" às "capelas ecumênicas"

Capela ecumênica do hospital São Luiz, em São Paulo
1-O fim das imagens: Você já viu imagens da Virgem Maria ou dos santos numa capela dessas? Como não há normas claras para a construção de "capelas ecumênicas", não se pode dizer quantos símbolos cada confissão religiosa pode ter; ou ainda, se é permitido ter símbolos religiosos. As capelas ecumênicas que já visitei não têm símbolo algum. São espaços vazios com bancos. Quando muito estes espaços têm uma cruz. Porém, se o objetivo é ser um local comum a mais de uma confissão cristã, como contemplar democraticamente os iconoclastas e aqueles que veneram as imagens sacras?
2-Incentivo ao “pancristianismo”: o ecumenismo surgiu com missionários protestantes que queriam solapar as diferenças interdenominacionais em prol do anúncio do Evangelho. Estima-se que existam cerca de 33.800 diferentes denominações protestantes no mundo, cada uma com suas diferenças doutrinárias, de espiritualidade e organizacionais. Ainda assim é, de certa forma, fácil encontrar pontos em comum que de forma falaciosa poderiam levar as pessoas a acreditarem que existiria uma religião cristã tendo como vértice a figura de Jesus Cristo. Porém, para os católicos existe um erro crucial nesta história toda: Cristo não escolheu apóstolos, deixou um líder (“Tu és Pedro”), fundou uma Igreja (“Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”) e inspirou os evangelistas para que cada um interpretasse a Verdade de forma particular. Claro que Jesus não disse “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Igreja Católica” ou “deixarei sete sacramentos que devereis observar”. Ainda assim, a compreensão de que precisa haver uma só Igreja verdadeira é lógica. Existem protestantes que são salvos? Claro que sim. Porém, os meios que tiveram para salvarem-se têm uma raiz na Igreja dos Apóstolos – a Católica Apostólica Romana, seja por meio das Sagradas Escrituras, seja por meio dos sacramentos válidos que algumas ainda observam.
3-Confusões sincréticas: o sincretismo no Brasil é algo fortíssimo. A relação entre o candomblé e o catolicismo, por exemplo, remonta da proibição por parte da Igreja do culto aos orixás trazidos pelos escravos vindos da África. Para burlar tal proibição, eles utilizavam as imagens católicas que paulatinamente foram associadas aos deuses africanos. É muito comum no Brasil vermos católicos lendo livros espíritas, espíritas que freqüentam uma sessão num dia e a missa no outro ou mesmo protestantes que freqüentam o culto, mas andam com uma imagem da Virgem na carteira. Sabe-se que o Espírito Santo sopra onde quer, assim, podemos afirmar que existem coisas boas nas mais diversas religiões, porém a indivisibilidade da Verdade impede que uma pessoa possa salvar-se (respeitada a ignorância) sem acreditar de modo pleno no que a Igreja prega. Isto porque quando criamos uma forma particular de seguir Cristo, não estamos aceitando plenamente sua mensagem (o ônus e o bônus) que é a mesma para todos. Estamos construindo de forma egoísta um cristianismo ao nosso modo, que claramente distoa do projeto de salvação desejado pelo Filho de Deus. A pessoa até se alimenta com o biscoito esfarelado, mas muito será perdido quando ele é passado de uma mão para outra.
4-O império do relativismo: um grande expoente da Igreja no Brasil, o padre Fábio de Melo certa vez afirmou que “se nós somos cristãos, não importa que você seja evangélico, que eu seja católico…não importa!”. Você imaginaria um muçulmano falando nestes termos? Pergunte a um protestante fiel da Assembléia de Deus se, para ele, não há nenhum problema em ser católico. Mais uma vez o problema aqui está na coerência. Se eu acredito que a Igreja Católica é a verdadeira, fundada por Jesus Cristo e quero anunciar esta verdade para os outros, como fazê-lo se “a religião não importa”? Recentemente vimos um movimento de anglicanos entrando em comunhão com a Igreja Católica. Sim, eles buscaram os bispos e declararam: “eu era protestante, hoje aceito que a Igreja católica é a verdadeira e única Igreja de Cristo”. Bom, se a Igreja dissesse que todas as religiões eram boas e que nada se perde em ser protestante, qual o motivo que eles teriam para tornarem-se católicos? Isto é relativismo “brabo”! Parte-se do pressuposto que há uma forte crise na identidade católica – identidade esta que remonta aos apóstolos. Será que é isto que devemos defender? Muitos opõem-se ao que disse acima afirmando: “mas assim você só cria divisões e guerras santas”, mas pelo que sei, o cristianismo é uma proposta, um convite. Nada deve ser imposto. Porém, não é por isso que eu devo mitigar o que acredito para agradar gregos e troianos. A Verdade é um motor que se move por energia própria. Quem seria tolo de forçar o motor e danificar a máquina? Ademais, vou explicar-vos de modo prático como funciona o ecumenismo destas capelas: cada um, NO SEU HORÁRIO, reza ao seu modo. Isto é unidade?
5-A desvalorização da arte católica: se o ecumenismo destas capelas é bom e deve ser proclamado dos telhados, por que eu, como padre católico, deveria gastar tempo, dinheiro e ter dores de cabeça com a arte sacra? A arte cristã é admirável até mesmo pelos não-crentes. É um patrimônio da humanidade em honra ao Deus altíssimo. As obras oferecidas em honra a Deus vêm desde o antigo testamento. Quem não se lembra da lendária arca da aliança que, segundo o livro do Êxodo, era ricamente adornada por anjos? Hoje em dia vemos Igrejas desnudas, como verdadeiras recepções de hospitais. São brancas, estéreis, rapidamente construídas, sem Sacrifício. Antigamente a construção das igrejas durava séculos. A dimensão do eterno estava em cada detalhe. O homem fazia por amor a Deus e este amor era tão grande que precisava ser expressado de uma forma concreta. Assim, este falso ecumenismo, quando aplicado à arte cristã, culmina num empobrecimento e numa simplificação dos templos. Eu me sinto muito mal quando entro num lugar assim. Sinto a presença de qualquer coisa, menos de Deus porque aquilo foi construído para agradar o convívio humano, não para a glória de Deus. Ademais, tudo convida para uma falta de respeito com o local. Existe um ditado que diz: “aquilo que é de todo mundo acaba não sendo de ninguém”. E o respeito pelo que não pertence a ninguém é preservado? O que impediria um protestante de levar um bolo para comemorar o aniversário de um irmão depois do culto e colocá-lo em cima do altar (se ele existir)? O que impediria um espírita que crê em Jesus Cristo de invocar as entidades no mesmo lugar em que se invoca o Espírito Santo? Para mim isto tudo é muito estranho…Por fim, não vejo prejuízo para um protestante que usa um local sem adornos artísticos, menos ainda para um espírita. Só há uma parte que sai perdendo. Nisto tudo deveríamos abraçar a queda das almas pelo respeito humano e em prol do políticamente correto. Não sei se as capelas ecumênicas caem tão bem ao projeto de unidade entre os cristãos.